Ainda não falei das eleições Gregas ou a contestatária que há dentro de mim ganhou vida...

Ainda não falei das eleições Gregas, apesar de já ter mencionado a forte presença do seu Ministro das Finanças.
E para mim, ponho tudo isto em linhas bem simples, sem grandes floreados. Se não, vejamos:
se eu fosse tratada como uma indigente, se eu fosse privada de ter acesso a um serviço nacional de saúde por estar desempregada, se eu estivesse sem vida, dignidade, abaixo do limiar da sobrevivência, desesperada, arruinada, sem esperança, farta de ser chulada por uma cambada de estrangeiras e nomeadamente uma Chanceler que se limita a ter uma economia baseada na agiotagem que faz, virar-me-ia com toda a certeza para o Syriza. 
Não ser de extrema-esquerda, ou por querer sair do Euro e da União Europeia. Virar-me-ia para o Syriza por ver na figura do actual primeiro ministro, e nas promessas que fez a esperança de ter volta toda a dignidade que me tiraram enquanto cidadã Grega, Europeia e especialmente enquanto ser humano.

Isto de se encherem bolsos e de fazerem economias crescer à custas de empréstimos com elevadas taxas de juros é basicamente uma chulice de primeira apanha. Isso....uma chulice de primeira apanha. E se eu fosse Grega estava fartinha de ser chulada. 
De ser chulada por malta que se põe em cima de um pedestal a apregoar a moral e os bons costumes da economia e das finanças, quando esse malta se "esquece" que após a 2ª Guerra Mundial viu mais de 60% da dívida perdoada pelos seus credores, onde estava a Grécia incluída. Fosse eu Grega exigia que me fosse feito igual perdão da minha dívida para ter a economia do meu país relançada, para ter os meus direitos básicos de volta. E é isto....

Mas não sou Grega.... sou Portuguesa. Vivo igualmente num país plantado à beira-mar, virado para o mediterrâneo e no Sul da Europa. Vivo no país mais a Sul da Europa.
Vivo num país de bons alunos, de paus mandados dessa Alemanha agiota que também enriqueceu às minhas custas. 
Vivo num país arrastado e arrasado por PPP'S, construções e Fundações, bancos e grupos económicos falidos e descabidos. 
Num país cujos governantes me acusaram de viver acima das minhas possibilidades e que me preferem ver a viver numa indigência escondida. Antes uma indigência escondida, a bater o pé a essa cambada de agiotas. Antes serem os bons e obedientes alunos e deixarem a população na pobreza a ter tido um valente par de tomates para pôr os pontos nos i's como bem deveria ser. 
Vivo num país onde afirmaram em alto e bom som que iam mais além do que troika. Qual quê.....fazer o que mandam, nada isso. Vamos mais além, vamos ser melhores, vamos mostrar que não somos Gregos ou Irlandeses. Que somos Portugueses, que honramos as nossas dívidas, nem que para isso tenhamos de voltar ao tempo da sardinha para 6.
Vivo num país, que desinvestiu onde tinha que investir financiando Bancos e Grupos económicos falidos ou vias de tal. 
Vivo num país onde morrem pessoas nas urgências hospitalares por estarem horas à espera de serem observadas. Vivo no país onde as finanças oferecem sorteios com Audis, mas em contrapartida vivo também num país onde não terei forma de "sustentar" esse dito Audi, onde terei que o vender para o comer.
Não sou Grega....sou Portuguesa. Uma Portuguesa orgulhosa de o ser mas triste ao ver o que fizeram ao país. Um país onde as pensões mínimas são tão mínimas que deviam envergonhar quem as tabelou. Vivo num país que tem um ordenado mínimo de 505€, ordenado esse que subiu 20€ e o problema que foi para subir 20€.
Vivo num país que foi vendido a Chineses, Angolanos, Brasileiros, Franceses, onde é promovida e agradecida a entrada a toda a corja de mafiosos que por aí anda. Um país que é a sanita da Europa. Nada mais, nada menos do que a sanita da Europa.

Não sou Grega...sou Portuguesa. Não tenho um Syriza em quem votar, mas percebo perfeitamente os que votaram no Syriza, a única réstia de esperança que os Gregos têm.
Não tenho um Syriza, mas sei que nas próximas eleições o nosso boletim de voto vai ter pelo menos mais meia dúzia de partidos novos. 
Vivo num país, onde um ex-bastonário da Ordem dos Advogados enganou os desgraçados que votaram nele, e irá enganar outros tantos usando o "partido" que fundou, porque os nossos políticos estão podres.
Vivo num país onde cada um dos "desalinhados" da esquerda fundou ou vai fundar um novo partido, um novo movimento, um novo grupo de cidadãos (os bancos da AR devem ter um estofos do mais elevado nível para tantos se quererem lá sentar). 

Não sou Grega... sou Portuguesa, estou no limiar apesar de ter luz em casa (300 mil Gregos não tem electricidade) e de ter acesso ao SNS. 

Não sou Grega...sou Portuguesa e tenho como PM alguém que afirma que isso do perdão da dívida e essa mania de querer dar esperança a um Povo, não passam de contos de crianças.
Não sou Grega....sou Portuguesa, e vivo num país que financiou com o meu dinheiro o maior esquema de fraude, a maior máfia (qual Lehman Brothers, qual quê), o maior polvo. 
Vivo num país que paga orgulhosamente os seus juros a essa agiota Alemanha, mas quem em contrapartida não gasta 48 mil euros por pessoa para curar a Hepatite C, e nem demonstra vontade de negociar o preço desse salvador de vidas.

Não sou Grega....sou Portuguesa. Vivo num país à beira-mar plantado. Não tenho um Syriza, mas tenho uma vintena de "partidos" sequiosos de poder, a sonharem com o poder, e a esquecerem-se das pessoas.

Comentários

  1. Não sou Grega mas reconheço que os Gregos tiveram tomates!! Podem vir a sofrer muitos revezes mas, pelo menos, tentaram a diferença!

    Beijo, Inês! :)

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