Manif's

Se pudesse a esta hora, estava em Lisboa para ir à manifestação....a sério que ia.
Só não concordo que muitos senhores deputados se vão associar só porque fica bem aparecer ao lado de todos nós, o povinho.
Estes pseudo jogos políticos não enganam ninguém.
Hoje vêm juntar-se, mas amanhã já estão com o rabiosque bem confortável na AR, e verem a banda passar, sem nunca terem sequer conhecido a realidade em que muitos de nós vivemos.
O que me interessa hoje, é que estas vozes se façam ouvir, porque quantos de nós não estamos aqui enquadrados??? Sem qualquer filiação política ou partidária???
Essas são as vozes que têm que se fazer ouvir.

"Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.
Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.
Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza - políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.
Caso contrário:
a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.
b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.
c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.
Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal. 
Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela."
Há pouco, estava a ouvir um antropólogo a dizer que mesmo pessoas como ele são trabalhadores precários, a partir do momento em que estando efectivo ou não (o que já se sabe ser relativo), viu o ordenado ser cortado. Como este antropólogo está a mãe da minha colega de recepção (professora de EVT por acaso), que se vê na mesma situação, que viu o progresso da carreira congelado.
Precária também sou eu. Nunca na vida recebi uma remuneração adequada, tenho um contrato renovável, posso ou não vir a ficar efectiva, porque a lei dá a margem suficiente para que este contrato seja "cancelado" e seja feito um contrato novo também ele renovável.
O meu pai, felizmente com uma "boa" reforma, foi "convidado" a efectuar mais um desconto esta semana porque os senhores governantes não são fiéis a "acordos de cavalheiros", e fizeram o obséquio de oferecer medidas novas para a milionésima revisão do PEC.
A minha mãe, com a reforma mínima também contribui para o que estamos a pagar pelos erros que foram cometidos pelo menos desde a altura em que aderimos à moeda única, que nos tirou um nível de vida minimamente decente.

A manifestação de hoje não é por mim, nem para mim.
É para os meus pais e pelos os meus pais.
É por todos aqueles que foram "convidados" a contribuir para a redução do défice, enquanto na AR estão os senhores deputados com bons ordenados, bem sentados, onde supostamente decidem o futuro de um país, o nosso futuro, sem terem a clara noção da realidade
É pelos milhares de desempregados que não têm qualquer forma de sobrevivência no neste país.
É pelos estudantes que não sabem para onde se virarem.

O discurso do presidente da FENPROF: sim para mim político, mas em defesa não só da profissão de professor, mas também em defesa de todos nós e sim assumidamente contra quem nos governa. A exigir o que é exigível, nada mais, nada menos.

Uma manifestação que alberga toda uma sociedade que se revê de alguma forma no que se passa actualmente, diferentes pessoas, diferentes causas, mas todas com um propósito: a mudança e um futuro melhor para todos.

O dia de hoje e os que seguirão são sem dúvidas sinais de que as mudanças são necessárias. Só não vê isso quem não quer.
O dia de hoje não é de uma geração à rasca, mas sim de um país que está à rasca, e está à rasca em tudo, é o dia de todos nós, da nossa indignação, do nosso protesto, de exigirmos mudanças.
Se este dia não entrar no ouvido de quem aqui manda, o que vai ser preciso para sermos ouvidos???

Milhares de pessoas juntam-se ao desfile da Geração à Rasca - Sociedade - PUBLICO.PT





Comentários

  1. Acredita, que se eu pudesse ia também. E apesar de já não me rever na situação destes que hoje se manifestam.
    Já me revi, já senti a mesma impotência, e acredita que estou com eles, não, não esqueço.
    E se outras iniciativas houverem, vamos as duas ok?

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  2. Petra:
    Isto não é uma geração à rasca, é um país à rasca.É um abre-olhos para tudo o que têm feito e que todos nós estamos a pagar, directa ou indirectamente.
    E na próxima que houver, vamos lá estar sim.

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