Manias

Apesar de estarmos em pleno século XXI, encontro muitas vezes pessoas que vivem ainda em pleno século passado ou mesmo no século XIX.
Isto tudo para falar da depressão ou da toma de medicamentos que esteja ou não relacionada com a a doença.

Desde Fevereiro deste ano que me encontro medicada com um anti-depressivo (para o meu sistema nervoso como o meu psiquiatra disse), e tenho que o tomar de forma religiosa por tempo indeterminado.
Optei por esconder da minha mãe e de parte da família a situação, não pelo facto de estar a ser medicada, mas sim para não incomodar com uma coisa que só eu sabia. Isto não invalidou que o meu pai e restante família não fossem os primeiros a saber, mas para os lados da minha mãe optei por deixar a coisa em segredo algum tempo, não por estigmas mas por motivos que agora não consigo explicar mas que se relacionam com a situação com que lido diariamente.
Nesta altura a minha mãe já deve ter captado alguma coisa, porque esqueci-me de mandar fora a última bula que o psiquiatra me deu, mas já consegui contornar a coisa.

Custou-me admitir que precisava de ir a um especialista, antes que a coisa desse ainda mais para o torto, mas a partir do momento em que o fiz e fui ao médico, e ouvi um "Parabéns!!!Já não vinha cá há 6 anos!!", pensei apenas: "Inês por muito que te custe vais ter que tomar um anti-depressivo por tempo indeterminado, e contra factos não há argumentos...."
Confesso que no início custou-me a habituar à ideia de tomar um comprimido por dia por tempo indeterminado. Confessei isso mesmo ao psiquiatra que me deu um exemplo bastante prático:
"Imagine que era diabética e que entrava em depressão. Isso é que era grave. Para além do anti-depressivo tinha ainda que tomar insulina todos os dias!"

E neste dizer/assumir que consultei um psiquiatra e que estou a tomar um medicamento, cruzei-me com as mais diversas reacções, entre as quais os que olharam para mim com cara de que eu sou doida. Não podemos assumir a nossa depressão porque a é coisa de malucos... os que assumiram de forma mais ou menos directa a sua doença, quem questionasse sobre o especialista, os que disseram que isso passa, os cépticos, e os apologistas da coitadinha.


Posto isto, e estando em pleno século XXI não entendo a mentalidade de muitas pessoas no que respeita à depressão. Tanto ouvi que sou mais uma entre muitos e tenho que me aguentar, como que  fiz bem em foi admitir o problema, ou como não tenho idade para essas coisas!
Ora muito bem, estas coisas não escolhem nem idade, nem estatuto social, nem ritmo de vida nem nada!!
Existem pessoas que podem ser propensas a essas coisas como pessoas que não são tanto mas nunca se sabe o que pode acontecer.

Vamos lá ver uma coisa: uma pessoa que tome um anti-depressivo e mais que seja necessário não é tontinha da cabeça, e a terapia por choques eléctricos para problemas depressivos já não é deste tempo, e infelizmente a depressão é um mal comum, que afecta meio mundo, e que se não for tratada devidamente pode ser um cabo dos trabalhos!!!
Portanto, vamo-nos deixar de manias e começar a viver neste século.....porque depressivo não é louco e quem o é, é porque infelizmente lhe calhou na sina!!!
Agora olhem para o vosso vizinho do lado....é que ele pode ter um problema mas achar que isto da depressão é para os fracos e para aqueles que não querem fazer nada....

Comentários

  1. Fizeste lindamente. Se há soluções devemos procurá-las. Mas acho que devias fazer um acompanhamento psicoterapêutico para resolver e não apenas atenuar a problemática. Boa sorte:)

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  2. Brandie,eu já fiz psicoterapia em 2008, fui uma altura em que precisei, mas não estava a ser medicada mas pensava que podia ser necessário.Andei lá 6 meses, o que me bastou para estar um pouco em paz comigo mesma.Até fiz o teste de Rorschach (aquele com as manchas esquisitas)e fiquei deveras impressionada.
    E nem sei se volto a fazer....para além de ser cara como tudo, teria que andar lá o resto da minha vida para exorcizar as coisas....
    Bjs

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